Bioquímica do Alzheimer

“Como é terrível o dom do conhecimento, quando não serve a quem o tem!”

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Os esteroides e a Doença de Alzheimer


          Os estrogênios são esteroides sexuais que apresentam uma atuação reparadora sobre neurônios que apresentam lesão, o estradiol, por exemplo, pode aumentar a sobrevida de células nervosas quando adicionado in vitro ao meio de cultura delas. Diversos estudos indicam que os estrogênios atuam de forma a ativar ou inibir enzimas que agem sobre a síntese de neurotransmissores (por exemplo serotonina e acetilcolina). Pesquisas que utilizam animais ooforectomizados (sem um ovário ou sem os dois ovários) têm reconhecido que o estrogênio induz mudanças no metabolismo da serotonina em áreas do cérebro que envolvem a cognição.

          No Alzheimer, os neurônios colinérgicos são afetados e sofrem alterações degenerativas, sendo que esses neurônios são necessários para o aprendizado e a memória. Nessas áreas do sistema nervoso central há a diminuição da atividade da enzima acetilcolinatransferase (ChAT), que atua juntamente com a acetil-coenzimaA na síntese de acetilcolina (que é degradada pela acetilcolinesterase). Experimentos têm mostrado que os estrogênios ativam a acetilcolinatransferase (por um mecanismo ainda não identificado), propiciando a síntese de acetilcolina e impossibilitando a atuação da acetilcolinesterase. É importante perceber que o aumento da atuação da ChAT é diferente de acordo com o sexo, ele foi observado mais em ratas ooforectomizadas.

          O estradiol se relaciona com esses neurotransmissores ainda por meio da interferência nos receptores, por meio de catecolestrogênios. Estudos com imunocitoquímica indicaram que a atuação dos receptores de estrogênio Alfa e Beta no hipotálamo pode estar diferente no Alzheimer.

          Por outro lado, as progesteronas atuam no sistema nervoso central de uma forma contrária aos efeitos do estrogênio. Elas agem aumentado a atividade da enzima monoaminaoxidase (MAO), que atua metabolizando alguns neurotransmissores, entre eles a serotonina, causando dessa forma um efeito depressivo (para mais informações vide o post “Outros medicamentos antidepressivos usados no tratamento de depressão para pacientes com Alzheimer”). Em estudos com animais, encontrou-se receptores para progesterona em áreas relacionadas ao aprendizado, emoções, regulação endócrina, em que a progesterona atua de forma depressora dessas funções.

          Há indícios de que os esteróides sexuais induzem alterações na cognição, sendo que isso varia entre os sexos feminino e masculino. Estudos demonstram que os esteroides sexuais estão relacionados a regiões do cérebro afetadas no mal de Alzheimer, por meio da interferência em processos de envelhecimento e desenvolvimento. Tem sido indicado que a terapia estrogênica ou estro-progestativa  pode resguardar contra a piora dos processos cognitivos, além disso os hormônios relacionados a essas terapias aumentam o fluxo sanguíneo em áreas do cérebro que estão ligadas à memória.
          Embora tenham sido realizados diversos estudos, existem ainda controvérsias em relação aos efeitos dos esteroides sexuais sobre os neurotransmissores e neurônios. É importante ressaltar, então, que ainda não está bem determinada a atuação deles no tratamento clínico de doenças neuropsiquiátricas.


Escrito por: Lorena Castelo Rodrigues
Fontes de Pesquisa: 

http://www.clinicafares.com.br/dicas-de-saude/Soja-80/Saiba-sobre-o-efeito-de-isoflavona-na-doenca-de-Alzheimer-30242.html

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